Por Eduardo Graça, de Los Angeles
Quando o cineasta Michael Mann, 66 anos, buscava um ator para viver o gângster John Dillinger, personagem principal de Inimigos Públicos, a qualidade que mais buscava era a virilidade. Ele queria, em suas próprias palavras, um ator que pudesse viver um homem de verdade, com jeito de homem, corpo de homem e cara de homem. Pois o diretor de O Informante e Miami Vice achou o protagonista de seu filme em Johnny Depp, 46 anos. E não podemos discordar. Encontramos Johnny com os cabelos lisos jogados para a esquerda e usando calça jeans, botas e um colete. Quem mais poderia ter esse visual e encarnar um papel tão másculo?
Além de esbanjar beleza, o astro de Piratas do Caribe não perde a simpatia, mesmo sendo assediado por fãs, funcionários de hotel e até jornalistas. Isso talvez venha do casamento estável com a cantora e modelo francesa Vanessa Paradis, 36, com quem teve uma filha, Lily-Rose Melody, 10, e o menino John Christopher Depp III, apelidado de Jack, 7. A família feliz tem uma vila estimada em 2 milhões de dólares na Côte d' Azur, uma mansão em Los Angeles e uma ilha nas Bahamas, batizada de Little Hall's Pond Cay. ''Falando assim, parece uma extravagância atrás da outra, né? Mas para a vida que eu levo chega uma hora em que você não quer mais ouvir falar de filmes, de fama, de contratos e de trabalho. E o único jeito de me encontrar em paz foi comprando minha própria ilha'', conta em entrevista exclusiva.
Você chegou devagar, sentou-se na cadeira lentamente. Esse tempo mais lento é um antídoto contra a loucura da fama?
Há vários aspectos de minha vida pré-Hollywood de que sinto falta. Ser mais um na multidão, por exemplo. Ser reconhecido na rua é divertido, mas poder levar minhas crianças para uma loja, um restaurante ou à Disneylândia, é inviável. John Dillinger tinha esta habilidade de ir aos lugares públicos sem ser descoberto, como você viu no filme. Claro, ele tinha outros motivos para não ser reconhecido (risos).
Uma das cenas mais deliciosas do filme é quando Dillinger entra voluntariamente na delegacia...
E ele pergunta como os policiais estão indo, qual o resultado do jogo, vê os recortes de jornais de sua vida na parede e vai embora, sem ser reconhecido. Na Feira Internacional de 1933, em Chicago, ele pediu a um policial para tirar a foto dele e da namorada.
Existe algum lugar no mundo onde você poderia fazer o mesmo?
Sim, numa pequena ilha nas Bahamas, onde construí meu refúgio justamente para isso. Lá, ninguém me reconhece, a não ser que eu queira (risos).
Você também tem uma casa na França e uma em Los Angeles. Onde é seu verdadeiro lar?
Temos uma casa no sul da França porque minha mulher é francesa, mas a maioria de nosso tempo é em Los Angeles, pois as crianças vão à escola aqui. A França me deu o luxo de uma vida mais simples. Vivemos no interior e seus dias são mais calmos, não há executivos e agentes.
Dillinger aparece no filme como uma espécie de Robin Hood. Você se identificou com o personagem?
Muito. Graças a Deus, eu não preciso andar com um trabuco no bolso de trás da calça, mas preciso dizer o que Dillinger representou na época, quando os bancos eram os inimigos e o governo tinha gente como J.Edgar Hoover, o primeiro diretor do FBI, pior do que a maioria dos criminosos. Ele levantou a cabeça e decidiu que não olhar mais para trás, juntar um dinheiro, fugir para o Brasil e tentar não ferir ninguém no processo.
Você se doa completamente a seus personagens. Edward Mãos de Tesoura é completamente diferente do capitão Jack Sparrow ou de John Dillinger...
Isso é um baita elogio, obrigado! É minha responsabilidade encontrar aquele personagem, experimentando algo diferente todas as vezes... Algo que o público ainda não viu.
Como foi seu processo de pesquisa para encontrar Dillinger?
Não havia muitas imagens dele gravadas e nem áudio. O acesso mais próximo foram as vozes do pai de Dillinger. Ouvi com atenção e imaginei aquele fazendeiro de Indiana, numa cidadezinha perto de onde cresci, no Kentucky. Aquilo me deu um clique. Notei que a fala e os gestos eram parecidos com os de meu avô.
Você usou referências de sua família?
Sim. Eram as mesmas raízes, sabe? Nos anos 30, vovô durante o dia dirigia um ônibus e, à noite, usava o veículo para transportar bebida para os municípios vizinhos na época da Lei Seca. Um serviço de utilidade pública (risos). E meu padrasto passou um tempo na penitenciária estadual de Illinois por causa de pequenos erros. Juntei esses ingredientes para criar meu Dillinger.
Inimigos Públicos também conta uma grande história de amor. Como foi sua interação com Marion Cotillard?
Na vida de Dillinger, há um momento em que tudo vira secundário, e Billie, sua parceira, passa a ser o foco de sua vida. Quando os dois estavam juntos, era fogo puro. E Marion foi perfeita. Ela é de uma dedicação única. Ela é uma atriz... Aliás, uma mulher muito especial.
Marion contou que, durante a pesquisa, descobriu que Dillinger era extremamente bem-dotado. Você também chegou à mesma conclusão?
Fiz a mesma pesquisa e cheguei a um resultado similar (risos). É a mais pura verdade! E sabe o que foi mais sensacional na história toda?
O quê?
Temos exatamente o mesmo tamanho! (rindo mais e com a face vermelha).
Marion também disse que temia fazer as cenas de amor com você...
Por causa do tamanho?
Não! Porque você tinha sido um cavalheiro desde o primeiro dia e ela queria que as cenas fossem sensuais, mas ao mesmo tempo elegantes.
Entendo a preocupação dela. Esse tipo de cena é crucial em um filme, porque pode tirar o público da narrativa. Os espectadores podem se esquecer dos personagens e passar a observar com curiosidade o corpo dos artistas, especialmente aquelas partes (risos).
Michael Mann diz que foi importante ter você como Dillinger, porque o gângster era um homem de verdade. Para você, o que é ser um homem com H maiúsculo?
Sabe o que me fez o homem que eu sou?
Não...
Minha operação de sexo (mais risos)! Se há algo que sou nesta vida é um pai. E, se levar em conta a opinião de meus filhos, sou um pai decente. E isso é o que mais quero como homem com H maiúsculo: ser um bom pai, ser honesto com os que amo e ser gentil com todas as pessoas.
Mas há uma predileção sua pelos anti-heróis no cinema, não?
Humm...talvez. Mas acho que não seria um bom Superman. Não ficaria bem em calças de lycra! (risos).
Fonte: Revista Contigo
2 comentários:
amiga seu selinho ta na sala de presentes oferecidos,beijao e tudo de bom pra vc,tem tb na postagem de ontem o selo beautiful.
Olá querida. Faz algum tempo que não visito o seu espaço, mas ando cheia de trabalho. Mas aqui estou para desejar a vc um óptimo final de semana.
Tudo de bom e beijos de coração.
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